Liturgia para o Dia de Luta
contra a
Violência à Mulher
25 de novembro de 2014
A cor litúrgica para o Domingo de Cristo Rei é o
branco ou o dourado, mas, levando em conta o motivo desta celebração, sugerimos
que, junto da cor branca ou dourada dos paramentos, usemos uma faixa ou tecido roxo.
Liturgia de abertura
Prelúdio
Acolhida
“Elevo os olhos para os montes e pergunto: “De onde virá o meu
socorro?” (Salmo 121.1)
Deus
de amor, escuta minha oração. Venho a ti, machucada e exausta, com raiva e
triste. Acolhe-me em teus braços e enxuga minhas lágrimas. Ajuda-me a entender
que essa loucura não foi obra minha. Caminha comigo pelo longo vale da
escuridão. Fica comigo quando me sinto sozinha. Consola meu coração porque
neste momento o dom da vida que me deste está além dos meus próprios
sentimentos e inclusive do meu próprio conhecimento.
Mostra-me
como aceitar o cuidado de quem me ama e ora por mim, sobretudo quando eu mesma
não consigo encontrar palavras para orar. Derrama sobre mim o espírito de cura,
carinhoso Deus, para que meu espírito respire de novo e então reviva e volte a
sentir esperança e amor. Peço-te por isto e por tudo o que tu vês que
necessito.
“O
meu socorro vem de Deus, que fez o céus e a terra”. (Salmo 121.2)
L Com essas palavras de uma oração de uma mulher que sofre violência,
saúdo a vocês que aqui vieram para celebrar. O culto, hoje, é dedicado ao Dia
Mundial de Combate à violência Contra às Mulheres. Estamos aqui, (nome dos/as celebrantes...), para celebrar com vocês.
Saudação
L Reunimo-nos na presença
de Deus, que ouve o clamor do seu povo; do Filho, Jesus Cristo, que sentiu na
carne o peso da mão violenta; e do Espírito Santo, Espírito de Deus que
consola, restaura e reconcilia. Amém.
Canto
Confissão de pecados
L Colocamo-nos diante de
Deus para lhe confessar os nossos pecados e lhe pedir perdão. As pessoas que puderem,
por favor, que se coloquem de pé. Oremos:
Deus de misericórdia, tu
nos ensinas, através de teu Filho, a levarmos a cargas umas das outras, uns dos
outros. Confessamos, Deus, que somos indiferentes ou fingimos não ouvir o grito
de dor, o pedido de socorro das mulheres vítimas de violência. Enquanto
indivíduos, perpetuamos a crença de que “em briga de marido e mulher, não se
mete a colher”, e preferimos ignorar o que se passa na casa ao lado. Enquanto
sociedade, não pressionamos as autoridades competentes para que providenciem
casas de abrigo, delegacias de mulheres, conselhos de mulheres e políticas
públicas para mulheres vítimas de violência.
Enquanto igreja, nos
negamos a falar sobre o assunto, fingindo que não há, entre nós, mulheres que
sofrem violência e não nos envolvemos, não proporcionamos espaço de acolhida,
espaço seguro, espaço onde mulheres e suas crianças possam encontrar abrigo e
possam falar sem serem julgadas e condenadas. Ó Deus, perdão por nosso
comodismo e nossa omissão. Por isso, clamamos:
C Perdão, Senhor, perdão.
(2x)
Anúncio da graça
L Deus nos ouve, recebe a
nossa súplica e nos perdoa, pois, Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. Amém.
Kyrie
L Como pessoas perdoadas,
libertas de nós mesmas, olhamos para este mundo e nos dirigimos a Deus trazendo
as dores de quem sofre com a violência doméstica.
Em 2014, (número de vítimas) mulheres foram vítimas
de violência em nosso município, das quais (número
de vítimas) foram assassinadas.
Trazemos diante de Deus as
dores dessas mulheres. Trazemos também diante de Deus a dor daquelas famílias
que tiveram a mãe, ou a filha ou a irmã assassinada pelo companheiro.
(silêncio)
Trazemos diante de Deus a
dor das mulheres que sofrem violência, mas permanecem caladas.
(silêncio)
Ó Deus, a ti entregamos as
mulheres vítimas da violência, assim como de familiares que sofrem com elas:
C Pelas dores deste mundo,
ó Senhor, imploramos piedade
Oração
L Deus de bondade e
misericórdia, graças te damos por podermos falar contigo sobre a dor e
sofrimento de milhares de mulheres, vítimas de violência. Graças te damos por
seres Deus que ama a todas as pessoas, independente de raça, cor, nacionalidade
ou sexo, e por sofreres com o nosso sofrimento e te entristeceres com a nossa
injustiça e incapacidade de respeitar e amar as tuas criaturas. Graças por teu
Espírito Santo, que habita em nós e que tem o poder de nos transformar. Te
pedimos: Abre nossas mentes e corações para receber a tua Palavra, neste culto,
e prepara-nos para ir até a mesa da Ceia, onde o teu Filho nos espera. Por Jesus,
que contigo e o Espírito Santo, vive e reina hoje e sempre. Amém.
Liturgia da palavra
Leituras bíblicas
Primeira leitura
L A violência contra mulheres
infelizmente não é algo novo. Hoje vamos ouvir um texto do Antigo Testamento
que conta esta triste realidade.
L Leitura de Juízes 19.1-4, 9-10,
14-16, 20-30.
Evangelho
L Aclamemos o Evangelho, cantando
Aleluia
C (canta) Aleluia
L O santo evangelho do nosso
Senhor Jesus Cristo, conforme Lucas
13.10-17 (ao final da
leitura, L diz:)
L Palavra do Senhor
C Demos graças a Deus
Pregação
(Basear-se nos dois textos lidos acima)
- O enfoque da pregação deve ser
de ânimo e esperança. Histórias como as de Juízes 19 continuam acontecendo em
nossa sociedade, mas não podemos desanimar. É preciso apontar para as muitas
conquistas já alcançadas, como a Lei Maria da Penha e outras.
- É bom lembrar também que há
muita violência que não deixa hematomas, como a violência psicológica e
emocional, mas pode deixar sérias marcas na saúde física e mental. Há muitas
mulheres encurvadas pela dor, pela humilhação, pelo desprezo, e também essas
merecem uma palavra de ânimo. Jesus Cristo, o rei que serve, nos acompanha no
sofrimento e nos dá coragem para lutar contra ele.
- Como um gesto simbólico e como
imagem para a prédica, poderiam ser acesas 3 velas: uma em memória de todas as
mulheres mortas pela violência de gênero, a segunda por todas as que vivem em
situação de violência e a terceira por todas aquelas mulheres que virão depois
de nós, para que não sejam acometidas pela violência contra o seu ser.
Hino (com
recolhimento das ofertas)
Recolhimento das ofertas
Oração geral
L Deus de amor,
Te agradecemos pela vida e por
sinais de esperança ao nosso redor.
Oramos por todas as pessoas que
lutam com muita coragem para acabar com a violência contra as mulheres. Oramos
por todas as pessoas que neste dia 25 de novembro estarão nas ruas, praças e
igrejas, protestando e relembrando aquelas que já não estão mais entre nós.
Oramos pelos homens que não sabem
como demonstrar afeto e carinho, oramos por aqueles que escolheram a violência
pra conquistar poder. Oramos também por todos aqueles que combatem a violência
contra a mulher e que se deixam transformar pelo amor e pela graça de Deus.
Oramos por todas as instituições
e abrigos que acolhem vítimas e sobreviventes da violência, oramos pelas
autoridades que assumem seu papel em defesa da justiça de todas as pessoas.
Oramos pela tua Igreja no mundo,
pela IECLB, e por esta comunidade, para que seja proclamadora da vida boa
oferecida por Jesus a todas as pessoas, para que seja ativa na denúncia de
todos os tipos de violência e para que seja um lugar seguro para todas as
pessoas que precisam de ajuda.
Oramos por todas as pessoas
doentes, especialmente por... , oramos pelas famílias enlutadas ...; oramos
pelas pessoas deprimidas e esquecidas pela sociedade.
Oramos também por todas e todos
nós, para que tenhamos coragem e ousadia para sermos auxiliares de Deus na
transformação do mundo.
Deus de amor, tu também conheces
tudo que guardamos no silêncio do nosso coração e estas dores e preocupações
nós te entregamos, em nome de Jesus Cristo, Amém.
Liturgia da Ceia
Preparação da mesa
(Junto com os elementos da ceia e das ofertas
recolhidas, também se leva, para o altar, um galho seco com espinhos).
L Os elementos da Ceia, as
ofertas recolhidas são, agora, trazidos à mesa, juntamente com um galho seco,
com espinhos. Com o galho seco e os espinhos representamos as dores das mulheres
que sofrem violência e, trazendo-as para a mesa da Ceia, expressamos assim a
entrega dessas dores ao Deus de coração misericordioso. Cantemos:
Canto
Oração do ofertório
L Deus de ternura! Nós te damos
graças por esta mesa e por tudo que aqui vamos receber. Tu nos acolhes assim como somos, assim como
estamos. Trazemos nossas dores, nossas angústias, nosso grito sufocado, nosso
medo, nosso corpo machucado, nossa culpa reprimida. E pedimos-te: recebe-nos e
cura-nos, consola-nos e alivia a nossa dor, liberta-nos da culpa e do medo. Por
isso, juntos e juntas dizemos: ajuda-nos, liberta-nos e cura-nos. Amém!
Canto: /:Nada te turbe, nada te
espante, quem Deus conhece, nada lhe falta:/
Oração eucarística
L Oremos a oração de mesa da Ceia
do Senhor:
L Nós te damos graças, ó Deus, por
te compadeceres das pessoas que sofrem. Certamente, ouviste o grito sufocado da
concubina de Siquém e te iraste contra a violência causada a ela. Por isso, e
por tantas outras situações semelhantes, frutos do pecado humano, assumiste em
Cristo a solidariedade incondicional com as pessoas que carregam a sua cruz.
Graças damos a Jesus, teu Filho,
que acolheu e curou a mulher encurvada e com isso se mostrou sensível a toda
forma de dor e sofrimento. Graças damos a Jesus, por sua presença solidária entre
nós nesta mesa. Ele conhece profundamente cada um dos nossos sofrimentos, pois
Ele mesmo experimentou o terror da violência.
Estamos aqui, ó Deus, para receber força, consolo e nova vida do próprio
Jesus. Foi Ele que ordenou que nos reuníssemos
à mesa, em sua memória: Pois, na noite em
que foi traído, Jesus tomou o pão e, tendo dado graças o partiu e o deu aos
seus discípulos, dizendo: tomai e comei, isto é o meu corpo que é dado por vós.
Fazei isto em memória de mim. A seguir, depois de cear, tomou também o cálice,
rendeu graças e o deu aos seus discípulos, dizendo: bebei dele todos, porque
este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós, para a
remissão dos pecados. Fazei isto todas as vezes que o beberdes em memória de
mim.
Ó Deus, hoje celebramos o Dia de
Luta contra a violência à mulher. Por isso, pedimos: lembra-te de todas as
mulheres que morreram por causa da violência (lembra-te de ...) . Reúne-nos com
elas na festa do teu Reino, onde a violência estará superada para todo o sempre
e em seu lugar haverá paz, compreensão, igualdade, respeito, dignidade. A
esperança pelo teu Reino ilumina a nossa história de modo que nos empenhemos
aqui e agora por sinais de uma convivência com mais gentileza, carinho, ternura
e não violência.
Pedimos-te: Envia-nos o teu Santo
Espírito e faça com que sejamos um só corpo, uma comunidade que se importa e se
compromete umas com as outras, uns com os outros. Por Cristo, com Cristo, em
Cristo. Amém!
L (dirigindo-se
para a comunidade) Se assim cremos, que somos um só corpo cujos membros
se importam e se comprometem umas com as outras, uns com os outros, oremos de
mãos dadas a oração do Senhor:
C Pai-nosso...
Fração
L O cálice pelo qual damos graças
é o sangue de Cristo;
O pão que partimos é o corpo de
Cristo;
C (canta) Nós embora muito, somos
um só corpo
Comunhão
L Se você sofre ou sofreu
violência ou se você sofre porque nossas irmãs são vítimas da violência, vêm, pois
tudo está preparado... É Cristo quem nos convida.
Distribuição
C (canta) Ó Jesus Cordeiro, tiras
o pecado e a dor, tem piedade...
Pós comunhão
C (canta) Graças, Senhor, graças
Senhor, por sua bondade, seu poder, seu amor. Graças, Senhor!
Liturgia de despedida
Bênção
L Que o Deus de toda compaixão te acompanhe e te fortaleça na busca por
paz sem violência, te dê coragem para não calares a voz diante da violência.
Que este Deus te abençõe, te envolva com seu abraço terno e te dê a paz. Amém.
Envio
L Vão agora e sirvam a Deus sem
medo, sem culpa e sem violência!
C Demos graças a Deus.
Liturgia elaborada por: Cat. Dra. Erli Mansk, Pa. Ma. Marcia Blasi e
Pa. Rosangela Stange.
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