QUARTO BLOCO
NA CONSTRUÇÃO DE HERMENÊUTICA
NA CONSTRUÇÃO DE HERMENÊUTICA
E METODOLOGIA FEMINISTAS LUTERANAS
por Ivoni Richter Reimer
Com base na apresentação
no Encontro de Red de Luteranas
São Leopoldo – 2013
“Ler significa reler e compreender; cada um lê com os olhos que tem e interpreta a partir de onde os pés pisam” (BOFF, 1997)
ROMANTISMO
Continua-se a tecer reação contrária ao radical peso colocado na razão e na objetividade do Humanismo/Iluminismo. Destaca-se a subjetividade e o indivíduo, a estética e o idealismo (final do século XVIII ao final do século XIX) na construção do conhecimento. Na Teologia desenvolve-se o método exegético histórico-crítico. Na história da hermenêutica, o alemão Friedrich Schleiermacher (1768-1834) ficou conhecido como ‘pai’ da hermenêutica, atuando como professor de teologia e filosofia em Halle. Era teólogo protestante moraviano-pietista, pastor em Berlim. Afirmava ser importante fundamentar teoricamente os processos interpretativos e não apenas as regras de interpretação em campos específicos (exegese, método...). Para tal, era preciso perscrutar as condições da interpretação: importância do sujeito com espírito criador, não compreendido sob os desígnios do juízo universal; considerar o real e o cotidiano. Assim, ele desenvolve uma teoria hermenêutica com duas dimensões importantes: a) histórico-gramatical e psicológica (comunhão entre o espírito do leitor e do autor = congenialidade), que passa a servir de indício para as reflexões em torno da intenctio auctoris e da intenctio lectoris.
O filósofo hermeneuta, historiador, psicólogo e pedagogo alemão Wilhelm Dilthey (1833-1911) vivencia influências de F.Schleiermacher e influenciará G.Gadamer com suas elaborações acerca da hermenêutica. Estudou em Berlim e, após várias docências em outras cidades, terminou sua vida como professor em Berlim. Afirmava que as expressões da nossa compreensão comum eram os sinais, os símbolos, a fala e a escrita. Para se compreender um escritor/autor ou um texto, tido por ele como ‘o outro’, é necessário interpretar por meio de um reviver (Nacherleben) que tem por base a empatia (Hineinversetzen). Diferente do ‘espírito’ de sua época, contudo, afirma que a compreensão acontece na atividade social da leitura e não na solidão do indivíduo, e esta atividade requer a força da imaginação (transportar-se para a mente do outro).
Síntese do romantismo
Destaca-se a importância da subjetividade e a experiência histórica contextualizada para a interpretação de textos. Desenvolve-se o método exegético histórico-gramatical e histórico-crítico. Por meio do revisitar autores do passado, constrói-se a teoria da congenialidade para descobrir a intenctio auctoris. Afirma-se a importância do grupo para estudo da Bíblia, emergindo as primeiras experiências de hermenêutica feminista a partir de movimentos sociais e de conflitos com representantes da hierarquia eclesiástica.
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