sexta-feira, 4 de outubro de 2013

MULHERES DA REFORMA 

Elisabeth Cruciger, poetisa


Daqui há cinco anos em 2017 estaremos comemorando os 500 anos do Movimento da Reforma. Quando ouvimos ou lemos sobre a Reforma, geralmente os primeiros nomes que aparecem são Lutero, Calvino, Zwínglio. Infelizmente, as histórias das mulheres da Reforma foram silenciadas e invisibilizadas. O meu compromisso com o jubileu da Reforma é recuperar essas histórias de vida. É isso que farei este ano nesta coluna;  repartir com vocês, leitoras e leitores, algumas histórias de vida de mulheres que marcaram e marcam a história do protestantismo.

Inicio retratando a primeira poetisa e compositora do protestantismo. Elisabeth von Meseritz  nasceu em 1500 na Pomerânia, na divisa entre a Alemanha e a Polônia. Muito cedo, ela foi para o Convento Irmãs de Maria da ordem dos Premonstratense em Treptow junto ao Rio Rega. Sabe-se que o convento era um dos únicos lugares que oferecia educação para as mulheres. Lá elas aprendiam a ler, escrever, matemática, música  e tinham também a oportunidade de aprender a língua cúltica da época, o latim. Tem-se notícias que Elisabeth trocou correspondências de cunho teológico com um judeu batizado, chamado Joaquim de Stettin. Em 1522 ela deixa o Convento e foi recebida na casa de João Bugenhagen, em Wittenberg. Lá ela conheceu o aluno e colaborador de Lutero, Gaspar Cruciger, com quem se casou em 1524, marcando oficialmente o primeiro casamento protestante (uma ex-freira e um professor/pastor). Ela deu a luz a um filho e a uma filha. As famílias Cruciger e Lutero mantiveram uma forte amizade.

Provavelmente, ela também esteve envolvida nas discussões teológicas nas “conversas à mesa”.  Elisabeth faleceu em 1535.

No ano do seu casamento, em 1524, Elisabeth escreveu o primeiro hino protestante que se encontra no hinário oficial da Igreja Evangélica da Alemanha n. 67, sendo cantado no último domingo de Epifania. O hino composto por Elisabeth demonstra também conhecimento da Bíblia,  o que era muito importante no movimento da Reforma. Por exemplo, ela chama Cristo de estrela da manhã. Isso faz referência ao texto bíblico de Apocalipse 22.6. A mensagem deste hino afirma que a fé crista não é apenas um ato de compreensão intelectual, mas um movimento do coração, voltado não para o céu distante mas para uma espiritualidade engajada na vida concreta. Quem sabe, brota em nós o compromisso de recuperar este profundo hino da primeira poetisa e compositora protestante no hinário oficial da IECLB.


* Coordenadora de estudos na Academia de Missão na Universidade de Hamburgo, Alemanha. 

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